A privacidade e a vida digital vem sendo temas das minhas últimas palestras. Escolhi abordar esta questão não só porque está em voga, mas também porque é instigante pensar e discutir as relações humanas atuais que acontecem por meio da Internet e das redes sociais. Na prática, o que observamos nos dias de hoje não é muito diferente do que já aconteceu outrora ao longo da nossa existência – apenas os métodos e o alcance do voyeurismo, que sempre nos acompanhou, tem uma outra dimensão.
É mais ou menos nesta linha que o texto publicado na Folha de São Paulo pela jornalista Heloísa Noronha, engloba e discute com maior amplitude os aspectos que norteiam esta questão atualmente. Nas palavras da colunista,
Praticamente todo mundo que faz parte de uma rede social (em especial, do Facebook) já se irritou com algum post ofensivo ou chocante. E também já se surpreendeu ao descobrir que um amigo tão estimado compartilha ideias preconceituosas, fúteis ou descompensadas. Não é que algumas características estavam ocultas: na verdade, a internet ajuda a mostrar facetas negativas de nossa personalidade e as amplifica.
Se não fosse interessante para ninguém, a pessoa não teria seguidores, amigos, ‘likes’ e afins. Fora que quem critica a exibição alheia nunca acha a própria exposição demais, só a dos outros, não é?
Uma das necessidades mais básicas do ser humano é amar e ser amado. Nas redes sociais, entretanto, a realização desse desejo se manifesta através dos “likes”, mas nem sempre essa popularidade acontece no plano real. A ilusão de que a quantidade de curtidas determina a aceitação das pessoas pode dar ao indivíduo a sensação de que é aceito socialmente, mas não revela a consistência de uma amizade duradoura, no contato pessoal, baseada na confiança mútua.